Osho
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Pergunta a Osho: Parece-me
que os seres humanos sentem que ser eles mesmos não é suficiente. Por
que a maioria das pessoas tem tal compulsão para atingir o poder e o
prestígio, em vez de apenas ser simples seres humanos?
Resposta do Osho: Essa
é uma questão complicada. Ela tem dois lados, e ambos têm de ser
entendidos. Primeiro: você nunca foi aceito por seus pais, professores,
vizinhos e pela sociedade como você é.
Todos
tentaram modificá-lo, torná-lo melhor. Todos apontaram as falhas, os
equívocos, os erros, as fraquezas e as fragilidades que todos os seres
humanos estão sujeitos a ter. Ninguém enalteceu sua beleza, sua
inteligência; ninguém enalteceu sua grandeza.
Só
o fato de estar vivo já é um presente, mas ninguém jamais disse para
estar grato à existência. Pelo contrário, todos estavam amargurados,
reclamando.
Naturalmente,
se tudo o que cerca sua vida desde o início vai lhe mostrando que você
não é o que deveria ser, vai lhe dando grandes ideais que você deve
seguir, que você deve atingir, seu ser nunca é louvado. O que é louvado é
seu futuro, se você puder se tornar alguém respeitável, poderoso, rico,
intelectual, de alguma forma famoso, e não um simples zé-ninguém.
O
constante condicionamento criou em você a ideia de que "eu não sou
suficiente como sou, alguma coisa está faltando. E tenho de estar em
algum outro lugar, não aqui. Não é neste lugar que eu deveria estar, mas
em algum outro lugar mais alto, mais poderoso, mais dominante, mais
respeitado, mais bem conhecido".
Essa
é a metade da história, que é feia, e não deveria ser assim. Isso pode
ser simplesmente removido se as pessoas forem um pouco mais inteligentes
como mães, como pais, como professores.
Vocês
não devem corromper as crianças, sua auto-estima, sua aceitação de si
mesmas; devem ajudá-las a crescer. Do contrário, vocês serão um
obstáculo ao crescimento. Essa é a parte feia, mas é a parte simples.
Ela pode ser removida, porque é muito simples e lógico perceber que você
não é responsável pelo que é, foi a natureza que o fez assim. Agora,
chorar desnecessariamente sobre o leite derramado é pura estupidez.
Mas
a segunda parte é tremendamente importante. Mesmo que todos esses
condicionamentos sejam removidos, que você seja desprogramado, que todas
essas ideias sejam retiradas de sua mente — ainda assim você vai sentir
que não é suficiente; mas essa será uma experiência totalmente
diferente. As palavras serão as mesmas, mas a experiência será
diferente.
Você
não é suficiente porque pode ser mais. Não será mais uma questão de se
tornar famoso, respeitável, poderoso, rico. Essa não será mais sua
preocupação. Sua preocupação será a de que o seu ser é apenas uma
semente.
Ao
nascer você não é como uma árvore; você nasce apenas como uma semente, e
tem de crescer até o ponto em que floresça; e esse florescimento será
seu contentamento, sua realização.
Esse
florescer não tem nada a ver com poder, com dinheiro, com política. Tem
algo a ver com você; é um progresso individual. E, para isso, o outro
condicionamento é um obstáculo, uma distração; é um mau uso do desejo
natural de crescer.
Cada
criança nasce para crescer e se tornar um ser humano completo, com
amor, com compaixão, com silêncio. Ela tem de se tornar uma celebração
em si mesma. Não é uma questão de competição, nem mesmo uma questão de
comparação.
Mas
o primeiro condicionamento o distrai devido à necessidade de crescer, à
necessidade de se tornar mais, à necessidade de expandir, que é
utilizada pela sociedade, pelos interesses estabelecidos.
Eles
distorcem tudo. Enchem sua mente de tal maneira que você passa a pensar
que essa necessidade é a de ter dinheiro, que essa necessidade
significa estar no topo todos os dias, na educação, na política. Onde
quer que você esteja, tem de estar no topo: menos que isso e você
sentirá que não está fazendo algo bem, sentirá um profundo complexo de
inferioridade.
Todo
esse condicionamento produz um complexo de inferioridade porque visa a
torná-lo superior, superior aos outros. Ele ensina a competição, a
comparação, ensina a violência, a luta. Ensina que os meios não
importam, o que importa são os fins — o sucesso é a meta. E isso pode
ser facilmente realizado porque você já nasce com uma necessidade de
crescer, com uma necessidade de estar em outro lugar.
Uma
semente precisa fazer uma longa viagem até se transformar em flor. É
uma peregrinação. A necessidade é bela. Ela lhe é dada pela própria
natureza. Mas a sociedade, até agora, tem sido muito esperta; ela
altera, desvia, distorce seus instintos naturais em algo de utilidade
social.
Esses
são os dois lados que lhe dão a sensação de que, onde quer que você
esteja, algo está faltando; você quer ganhar algo, alcançar algo,
tornar-se um realizador, um alpinista.
Agora,
é preciso ser inteligente para perceber qual é sua necessidade natural e
o que é o condicionamento social. Corte o condicionamento social — é
tudo porcaria —, de forma que a natureza permaneça pura, não poluída.
E
a natureza é sempre individualista. Você crescerá e florescerá, e
poderá ter muitas rosas. Alguns podem crescer e se tornar margaridas.
Você não é superior porque tem rosas; ele não é inferior porque tem
margaridas. Ambos floresceram, esse é o ponto; e esse florescimento traz
um profundo contentamento.
Todas
as frustrações, todas as tensões desaparecem; uma profunda paz
prevalece sobre você, a paz que ultrapassa o entendimento. Mas primeiro
você deve eliminar completamente a porcaria social; de outra forma ela o
distrairá.
Osho, em "Dinheiro, Trabalho, Espiritualidade"
Osho, em "Dinheiro, Trabalho, Espiritualidade"
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