segunda-feira, 6 de junho de 2016

"Os tempos estão mudando"

Owen K. Waters
22 de Maio de 2016

Nestes dias, o Vaticano disse que não há problema algum em acreditar nos alienígenas extraterrestres. O Vaticano não é o único bastião do conservadorismo para ter saído com esta política nos últimos anos. Tanto o governo Britânico quanto o Francês liberaram agora os seus extensos arquivos sobre as descobertas de Objetos Voadores Não Identificados.
 
Os Governos estiveram cautelosos ao falar sobre os Objetos Voadores Não Identificados desde o pânico nacional que Orson Welles causou na América em 1938, quando ele leu uma adaptação do “romance” de H.G. Well: “A Guerra dos Mundos” no rádio. A transmissão durou 60 minutos sem interrupção comercial e foi formatada como uma série de transmissões de notícias sobre uma contínua invasão alienígena da Terra.
 
Pessoas que se sintonizaram com o programa de rádio após o anúncio inicial sobre ele ser uma ficção, foram arrastadas pelo pânico, o que se espalhou rapidamente por todo o país. O drama atingiu de tal forma o público naqueles dias tensos e ansiosos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, que milhões de ouvintes entraram em pânico. A precipitação da imprensa foi enorme, com 12.500 artigos de jornais aparecendo sobre este episódio durante o mês seguinte.
 
Durante décadas desde então, o medo do pânico público diante de uma potencial aterrissagem alienígena em massa ajudou a manter os governos silenciosos sobre os incidentes de Objetos Voadores Não Identificados. Havia também o medo persistente nas mentes de políticos que, se os extraterrestres pousassem e emitissem palavras de sabedoria, as pessoas poderiam começar a seguir os ETs em vez dos políticos. Este medo foi amplamente ofuscado pelo fato de que, hoje, bem poucas pessoas ouvem os políticos de qualquer maneira! No jornal do Vaticano, o Ver. José Gabriel Funes, diretor do Observatório do Vaticano, foi citado enquanto falava sobre a vastidão do universo e que é possível que pudesse haver outras formas de vida fora da Terra, até mesmo, inteligentes. Assim, ele disse,  acreditar que o Universo possa conter vida alienígena não contradiz uma fé em Deus.
 
Como podemos descartar que a vida possa ter se desenvolvido em outros lugares?” Funes disse: “Assim como consideramos as criaturas terrestres como irmãos e irmãs, por que não deveríamos falar sobre um “irmão extraterrestre”? Ele ainda seria parte da Criação.”
 
Na entrevista para o artigo do jornal, Funes disse que tal noção “não contradiz a nossa fé”, porque os alienígenas seriam como “colocar limites” na liberdade criativa de Deus.
 
Funes disse que a ciência, especialmente a astronomia, não contradiz a religião, tocando em um tema do Papa Bento XVI, que fez da exploração da fé e razão, um aspecto fundamental do seu papado. O Observatório do Vaticano fez grandes esforços para unir a lacuna entre religião e ciência. Ele foi fundado em 1891 e está sediado em Castel Gandolfo, a residência de verão do Papa, uma cidade à beira do lago, nas colinas de Albano. O Observatório do Vaticano também tem uma equipe que realiza pesquisas no Observatório da Universidade de Arizona, em Tucson.
 
Funes chegou a dizer que a Bíblia “não é um livro de ciência”, acrescentando que ele acredita que a teoria do Big Bang é a explicação mais “razoável” para a criação do universo. A teoria diz que o universo começou há bilhões de anos na explosão de um único ponto, super denso, que continha toda a matéria. Mas, ele disse que tal início do universo teria sido obra de Deus, pois “Deus é o criador do universo e não somos o resultado do acaso.”
 
Funes pediu à igreja é à comunidade científica para deixarem para trás as divisões causadas pela perseguição de Galileu, há 400 anos, dizendo que o incidente “causou feridas”. Em 1633, o astrônomo foi julgado como herege e forçado a se retratar de sua teoria de que a Terra girava em torno do sol. O ensinamento da Igreja na época colocava a Terra no centro do Universo. Galileu foi preso e, mais tarde, libertado para passar os seus últimos anos sob prisão domiciliar.
 
A Igreja, de alguma forma, reconheceu os seus erros”, ele disse. “Talvez ela pudesse ter feito melhor, mas agora é o momento de curar aquelas feridas e isto pode ser feito através do diálogo calmo e da colaboração.” O Papa João Paulo declarou em 1992 que a decisão contra Galileu foi um erro resultando da “incompreensão trágica mútua.”
 
A partir deste artigo de notícias recentes, parece que o Vaticano está agora unindo a lacuna entre ciência e religião, em uma tentativa de se tornar alinhado com a visão mais ampla da realidade apresentada pelo moderno conhecimento científico. Aonde isto irá levar é uma incógnita, mas uma consciência em evolução na humanidade cria muito espaço para o potencial para a reforma filosófica nas áreas tradicionais.
 
É encorajador ver que, hoje, os tempos estão certamente mudando.  


Autor: Owen K. Waters 

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